Durante os últimos 521 dias busquei um mapa que me levasse à algum lugar
que me fizesse alcançar um determinado sonho nunca próximo de obtê-lo
ou concretizá-lo, desperdiçando mais de um ano cheio de expectativas
feitas aos pedaços, fragmentadas e quebradas. Talvez nenhuma
possibilidade de adquirir tal devaneio tivesse dado corretamente como
planejado, porém nunca deixando de pô-lo em mente e nunca desistir de
tal desejo que, quem sabe, se tornaria eficaz. Porque eu nunca saberia o
que poderia acontecer amanhã, daqui uma hora, três minutos, meio
instante, mesmo sempre havendo planejado a maior parte do meu tempo. As
últimas decisões importantes que tomei foram de um nível catastrófico o
suficiente para que um universo paralelo se positivassem e todos que
antes seguiam como uma certa porcentagem do meu mundo passassem a me
desconhecer. Minha caminhada intrigante de sempre, passou por meus olhos
na última noite escura, desta vez óbvia, e ao sentar na calçada gelada,
ao inalar um odor forte de algo que me recordava, cai em mim. O mundo
todo acordou e me deu um forte tapa na cara que me fez ver que nem tudo
poderia se tornar aquilo que tanto desejei, felicidade. Felicidade?
Talvez eu a tivesse por tanto tempo e nunca soube o que realmente
significava para mim, enquanto agora, a esperava bater em minha porta a
todo minuto. Todo minuto.
Nesse momento, me encontrei com a mão esquerda sobre o queixo, observando o nada, desviando as órbitas para a pequena estante desacomodada de livros, aqueles lidos por mim e entendidos pela metades, palavras complicadas que eu nunca ouviria em outro momento da vida, histórias fictícias que nunca saíram além do papel, essa coisa toda de todo mundo. Que índio tem hálito de baunilha? Que tipo de pessoa coloca o nome da filha de Capitulina? Que herói desconjuntado possuiria o nome Dom Quixote? Ser ou não ser, eis a questão? Que homem diminui o posto para ceder à um amor? Qual é a possibilidade de gêmeos idênticos se separarem no nascimento e um deles se tornar príncipe, enquanto o outro, mendigo? Que criança imagina um elefante engolido por uma cobra ao invés de um chapéu, sem estar drogada? Sim, eu sei, são apenas histórias nunca existidas, apenas relatos. Mas vendo esses numerosos livros sobre a estante, percebi que sempre vivi nisso, digo, na ilusão, nessas ficções estúpidas e inexistentes, vivi acreditando em tudo quanto é coisa, se ousassem em me dizer que fadas existiam, capaz de possivelmente acreditar. Era como viver constantemente em um certo vendaval, mesmo sabendo que a realidade era fora dele.
Me contentava com pouco e possuía olhos de ressaca após uma noite intensa assistindo filmes totalmente metódicos, encontrava-me em pura indignação depois do término de cada um deles só em pensar que nunca do que havia acabado de assistir, poderia se tornar real. Real? O que tu podes chamar de real? Aquele caso desfeito em que o homem trai sua mulher e ocorre uma investigação impecável sobre tal fato? Aquele acontecimento em que duas pessoas totalmente opostas terão de enfrentar o obstáculo de ficarem juntas devido ao acaso, e sem mais nem menos, dão certo? A probabilidade de você ser picado por uma aranha radioativa e adquirir poderes, é nula. Um gorila gigante se apaixonar por você e te levar para cima de um prédio, é algo inquestionável. Muito menos isso de estar em um lugar, atravessar alguma porta qualquer, e deparar-se em um cenário inverso. E agora, não menos importante, embora história real e trágica, a estatística me diz que você não irá fazer um cruzeiro, conhecer seu suposto príncipe encantado, ou que seja, Dicaprio, ambos se apaixonarem reciprocamente e terminarem o amor em cima de uma placa porque seu navio bateu em um iceberg. Porque por mais que os filmes possuem a intenção de te desviar da realidade, eles te levam para um lugar o qual você nunca estará em uma plena segunda ou sexta-feira de cão, aquelas que tu não suporta mais nenhuma palavra de qualquer pessoa.
E após alguns minutos olhando para o relógio de parede que ficava de frente a porta do quarto, e refletindo sobre tumultos internos, decidi olhar um dos poucos e um tanto quanto importantes, álbuns fotográficos de infância, pura infância. Uma mistura de intensa nostalgia e saudade. No meio dessa viagem interior, percebi que, embora eu saiba que ainda falta algo, um pedaço que foi abandonado ao céu opaco, uma parte que foi jogada fora, uma metade que nunca existiu; tento fazer de cada segundo um tempo em extinção, aprendi que o tempo não irá parar para que eu possa lamentar sobre “águas passadas”, e faz parte do meu show continuar nessa metamorfose ambulante, embora encontro-me em despedida constante, creio que todos merecem todo amor que houver nessa vida ou até em outra, ou até com outra vida, nunca se sabe. O melhor, descobri que conhecimento vem de dúvida, afinal, eu nada sei.”
Nesse momento, me encontrei com a mão esquerda sobre o queixo, observando o nada, desviando as órbitas para a pequena estante desacomodada de livros, aqueles lidos por mim e entendidos pela metades, palavras complicadas que eu nunca ouviria em outro momento da vida, histórias fictícias que nunca saíram além do papel, essa coisa toda de todo mundo. Que índio tem hálito de baunilha? Que tipo de pessoa coloca o nome da filha de Capitulina? Que herói desconjuntado possuiria o nome Dom Quixote? Ser ou não ser, eis a questão? Que homem diminui o posto para ceder à um amor? Qual é a possibilidade de gêmeos idênticos se separarem no nascimento e um deles se tornar príncipe, enquanto o outro, mendigo? Que criança imagina um elefante engolido por uma cobra ao invés de um chapéu, sem estar drogada? Sim, eu sei, são apenas histórias nunca existidas, apenas relatos. Mas vendo esses numerosos livros sobre a estante, percebi que sempre vivi nisso, digo, na ilusão, nessas ficções estúpidas e inexistentes, vivi acreditando em tudo quanto é coisa, se ousassem em me dizer que fadas existiam, capaz de possivelmente acreditar. Era como viver constantemente em um certo vendaval, mesmo sabendo que a realidade era fora dele.
Me contentava com pouco e possuía olhos de ressaca após uma noite intensa assistindo filmes totalmente metódicos, encontrava-me em pura indignação depois do término de cada um deles só em pensar que nunca do que havia acabado de assistir, poderia se tornar real. Real? O que tu podes chamar de real? Aquele caso desfeito em que o homem trai sua mulher e ocorre uma investigação impecável sobre tal fato? Aquele acontecimento em que duas pessoas totalmente opostas terão de enfrentar o obstáculo de ficarem juntas devido ao acaso, e sem mais nem menos, dão certo? A probabilidade de você ser picado por uma aranha radioativa e adquirir poderes, é nula. Um gorila gigante se apaixonar por você e te levar para cima de um prédio, é algo inquestionável. Muito menos isso de estar em um lugar, atravessar alguma porta qualquer, e deparar-se em um cenário inverso. E agora, não menos importante, embora história real e trágica, a estatística me diz que você não irá fazer um cruzeiro, conhecer seu suposto príncipe encantado, ou que seja, Dicaprio, ambos se apaixonarem reciprocamente e terminarem o amor em cima de uma placa porque seu navio bateu em um iceberg. Porque por mais que os filmes possuem a intenção de te desviar da realidade, eles te levam para um lugar o qual você nunca estará em uma plena segunda ou sexta-feira de cão, aquelas que tu não suporta mais nenhuma palavra de qualquer pessoa.
E após alguns minutos olhando para o relógio de parede que ficava de frente a porta do quarto, e refletindo sobre tumultos internos, decidi olhar um dos poucos e um tanto quanto importantes, álbuns fotográficos de infância, pura infância. Uma mistura de intensa nostalgia e saudade. No meio dessa viagem interior, percebi que, embora eu saiba que ainda falta algo, um pedaço que foi abandonado ao céu opaco, uma parte que foi jogada fora, uma metade que nunca existiu; tento fazer de cada segundo um tempo em extinção, aprendi que o tempo não irá parar para que eu possa lamentar sobre “águas passadas”, e faz parte do meu show continuar nessa metamorfose ambulante, embora encontro-me em despedida constante, creio que todos merecem todo amor que houver nessa vida ou até em outra, ou até com outra vida, nunca se sabe. O melhor, descobri que conhecimento vem de dúvida, afinal, eu nada sei.”
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