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sábado, 29 de junho de 2013

A minha tristeza vem de ti. Vem do modo como tu ages e como as ausências marcam a minha pele. Tenho que te falar que não penso mais em ninguém e que, enquanto durmo, meus olhos lacrimejam sem querer. Minhas mãos estão marcadas com teu nome para que eu, eu jamais me esqueça dos teus olhos quando eu morrer de vez. A minha solidão vem das tuas toadas à noite, vem do buraco que tu causaste em mim, vem da tua fuga, da tua embarcação num mundo que eu desconheço. Gravo-te em mim como escrevo na areia da praia mas o mar vem e leva tudo que me fazia lembrança. Vem de ti o amargo gosto na minha boca, o fel que me transborda, a poesia que não existe. Vem de ti as lágrimas que margeiam o pólen das flores, as alvoradas, os céus de julho - tão sombrios e frios. Vem de ti a eterna amargura de viver sozinho, como quem se cansa da vida. Mas eu não me cansei dela. Fora tu, fora tu. Vem de ti qualquer parte minha que desconheço: a melancolia dos meus olhos, as roupas rasgadas, a boca que não fala. Vem de ti o meu gosto pela morte, a insônia febril, as brigas internas e externas, os conflitos. Vem de ti toda essa dor, essa culpa, esse breu. Vem de ti, menino, vem de ti.

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